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sábado, 19 de março de 2011

Oásis, dunas e cachoeiras são atrativos do Jalapão, TO


Ocupando uma área de 34 mil km² no Estado de Tocantins, a unidade de conservação ambiental do Jalapão oferece aos turistas banhos de cachoeira, passeios em dunas, esportes radicais, a sensação de não poder afundar dentro de um oásis, trilhas e até descanso em uma praia de água doce.

O Jalapão envolve sete municípios, sendo eles Mateiros, Lagoa do Tocantins, Novo Acordo, Lizarda, São Félix do Tocantins, Ponte Alta do Tocantins e Santa Tereza do Tocantins. Com temperatura média anual de 30ºC, um banho de cachoeira surge como uma opção para o visitante se refrescar.
A Cachoeira da Velha é a maior do Jalapão, com duas quedas de mais de 20 metros de altura. Depois de aproveitar suas águas, o turista pode criar coragem para caminhar durante cerca de uma hora para descansar na Prainha da Cachoeira da Velha, na qual é permitido acampar, por exemplo.
Já a Cachoeira do Formiga tem apenas uma queda d'água mas, ao final desta, forma-se uma piscina de água doce, cercada de árvores como samambaias e palmeiras.
Fervedouro no qual é impossível afundar é uma das principais atrações do Jalapão, TO Se o objetivo do visitante é ficar na água, mas querendo uma experiência diferente de apenas uma piscina de água doce, o local ideal é o Fervedouro, no qual é possível aproveitar o fenômeno chamado ressurgência - águas profundas que sobem para a superfície - no qual é impossível afundar. O local, que lembra um oásis, tem a sua volta brejos e riachos, e é fechado por bananeiras.
Se ser incapaz de afundar não é aventura o suficiente, no Jalapão pode-se fazer rafting. O fã de esportes radicais pode percorrer longos percursos, que duram até quatro dias passando pelas águas de diversos rios da região, ou realizar a descida rápida, que dura três horas e passa por seis quilômetros. De maio a setembro é a época ideal para a prática do esporte, pois Tocantins está em seu período de seca, portanto as águas estão mais baixas e calmas.
Os passeios turísticos também incluem colocar o pé nas areias das dunas da região. Cercadas pela Serra do Espírito Santo, chegam a até 30 metros de altura. A Serra é de formação arenosa, então os ventos causam sua erosão, formando as dunas.
Para chegar ao Jalapão, deve-se primeiro chegar à capital tocantinense, Palmas. De lá, são 64 km pela TO-050 até a cidade de Porto Nacional, mais 116 km pela TO-255 até Ponte Alta do Tocantins, que é chamada de "entrada do Jalapão". Também pode-se sair de Palmas pela TO-020, e seguir 128 km para novo Acordo, ou seguir pela TO-030, por 100 km, até Santa Tereza do Tocantins. É recomendado viagem utilizando veículos com tração 4x4.

Arquipélago de Fernando de Noronha vive no ritmo da natureza

Contemplar a paisagem exuberante do arquipélago de Fernando de Noronha, cuja descoberta data dos primeiros tempos das navegações europeias rumo ao Novo Mundo, é, ainda hoje, se deparar com o mar cristalino, a abundante fauna marinha e muita natureza.

Cerca de 70% do território integra um parque nacional marinho e, assim, essas ilhas também encerram privações em nome do preservacionismo --muitas praias têm restrições de uso, como horário certo para fechar.
Tartarugas marinhas, golfinhos-rotadores e vários outros bichos são presenças tão frequentes que fazem parte da paisagem.

Adriano Vizoni/Folhapress
Peixes na praia do Sueste, no arquipélago de Fernando de Noronha
Peixes na praia do Sueste, no arquipélago de Fernando de Noronha
Esse intenso contato com a natureza faz com que seja difícil achar um "ilhéu" (ou habitante de Fernando de Noronha) que não saiba recitar de cor as principais espécies que passam por lá e as medidas para sua conservação.
O paraíso, claro, tem seu preço. Estar a 550 km do continente em Recife (PE) impõe dificuldades logísticas ao arquipélago. Isso encarece (muito) produtos e serviços.
Custando mais de R$ 3,70 o litro, a gasolina vendida no único posto de combustível de Fernando de Noronha é a mais cara do Brasil.
Comer e beber também sai bem mais caro, mas as opções costumam ser charmosas e saborosas. Os frutos do mar são destaque.
Às quartas e sábados, o show é do chef Zé Maria, o mais famoso do arquipélago, dono da pousada que leva seu nome. Ele promove um festival gastronômico com mais de 50 pratos. É obrigatório fazer reserva, pois pode ser difícil conseguir mesa.
Para pagar por tudo isso, o ideal é sacar dinheiro ainda no continente. A aceitação de cartões de crédito e débito aumentou bastante nos últimos anos por lá, mas há instabilidade na rede.
Além disso, ainda há poucos caixas eletrônicos e a única agência regular é do banco Santander.
HOSPEDAGEM
O jeito mais barato de se hospedar em Noronha são as pousadas domiciliares. Há dezenas em vários pontos.
As acomodações costumam ser simples. Quase todas têm ar-condicionado e incluem café da manhã. Mas quem busca mais conforto, pode optar por um dos hotéis do arquipélago.
Embora a área do arquipélago seja pequena, o jeito melhor para se deslocar são os buggies. As estradas vicinais que levam às principais praias costumam ser acidentadas, dificultando o acesso de outros veículos.
Se o visitante não quiser guiar, há motoristas que fazem serviço de táxi. Não há taxímetro, mas, sim, uma tabela de referência que pode ser conseguida no ponto da Vila dos Remédios. Em geral, combina-se o preço da corrida antecipadamente, assim como um horário para o carro levar e buscar.
Existe ainda uma linha de ônibus que percorre a BR-363 _a segunda menor rodovia federal do Brasil, com cerca de 7 km. Ela liga o porto de Santo Antônio à praia do Sueste. É preciso ficar atento à frequência, que pode mudar ao longo do dia.
BAGAGEM
Calças jeans e casacos são itens quase supérfluos. Roupas leves e sandálias são a pedida. Nessa época, como algumas trilhas como a da praia do Leão e a do Atalaia podem estar enlameadas, convém levar tênis.
Protetor solar e repelente são fundamentais. Lá, a variedade de marcas é restrita e os preços, altos. E as farmácias são raras: não se esqueça de colocar na mala medicamentos de uso contínuo.

Paraíba quer atrair turistas pela boca

Segundo a PBTur (órgão oficial de turismo do Estado), em 2010 a Paraíba recebeu 1,3 milhão de visitantes. No mesmo ano, segundo as secretarias de turismo, os vizinhos Rio Grande do Norte e Pernambuco receberam 2,6 milhões e 4,2 milhões de pessoas, respectivamente.

Culinária é atração na Paraíba
Culinária é atração na Paraíba
Potencial para aumentar o número de turistas na Paraíba não falta. E ela sabe disso. Tanto que os moradores parecem já ter um plano estrategicamente traçado.
Plano que não fica só em cima de divulgar as belezas naturais do litoral e do interior paraibano. Agora, a conquista está sendo feita em, pelo menos, outras três frentes de peso: pela boca, pelas artes e pela cachaça.
A reportagem esteve em João Pessoa e em Bananeiras. Cidades que distam cerca de duas horas de carro e oferecem paisagens bem diferentes. A primeira atrai especialmente por suas praias (incluindo a de Tambaba, de nudismo) e produção cultural. A outra, no Brejo Paraibano, convida a passeios por gastronomia e engenhos.
PELA BOCA
Fazer uma viagem gastronômica pela Paraíba é coisa para iniciados. Se é o seu caso, não deixe de provar o guisado de bode, o saboroso rubacão (um cozido preparado com arroz, queijo de coalho, feijão de corda, arroz e linguiça) e o arrumadinho (preparado com carne de charque e feijão verde).
Quem não encara refeições tão "arretadas" assim pode ficar numa dieta mais básica, sem deixar de experimentar os sabores locais. Prove a macaxeira (o ponto ideal é cremoso, e quase desmanchando na hora da garfada) e o caldo de fava.
PELA ARTE
Em João Pessoa, faça um tour pelos ateliês de artistas locais. A reportagem visitou a casa do ceramista, escultor e pintor Miguel dos Santos.
É dele a obra "A Pedra do Reino", no centro da capital, em homenagem ao escritor Ariano Suassuna. "Eu e Ariano invertemos. Nasci em Pernambuco e vim para a Paraíba. Ele nasceu na Paraíba e mora em Pernambuco", diz.
Entrar na casa de Miguel é se transportar para um mundo à parte. Seus trabalhos formam um grande corredor.
O corredor leva à sua sala. E sua sala guarda relíquias, como um boneco de mestre Vitalino. "Eu me inspiro em Vitalino desde os quatro anos, quando o via trabalhando na feira de Caruaru."
Para visitar Miguel e outros artistas de João Pessoa, reserve algumas boas horas do seu dia. Para dar tempo de apreciar as obras e conversar à vontade.
Já se seu interesse é pela cachaça, o tour deve ser pelos engenhos da região do Brejo. Sua base poderá ser a cidade serrana de Bananeiras.

sábado, 12 de março de 2011

Desenhos pré-históricos atraem visitas para parque do Piauí

Cenas de sexo e rituais de dança contam um pouco da história da humanidade nas rochas da Serra da Capivara, no sudeste do Piauí. As imagens foram desenhadas por grupos que viveram na região há, pelo menos, 50 mil anos e, junto aos cânions do Parque Nacional Serra da Capivara, fazem do lugar um dos destinos turísticos mais importantes do Estado.

O território do parque se estende pelos municípios de São Raimundo Nonato, São João do Piauí, Coronel José Dias e Canto do Buriti, numa região rochosa formada pelo levantamento do fundo do mar há 240 milhões de anos. Até agora, 912 sítios arqueológicos (com esqueletos, artefatos e os desenhos) foram registrados no parque, sendo que 128 podem ser visitados.

Para acessá-los, deve-se caminhar por trilhas que permitem apreciar a paisagem diversificada da região: descampados, planícies, chapadas e depressões contrastam com serras, cavernas e paredões de rocha - todos sobreviventes do processo milenar de erosão que esculpiu as montanhas locais e soterrou os vestígios humanos.

As pinturas registram o cotidiano de diferentes culturas que passaram por ali, separadas no tempo por milênios. Entre as cenas registradas, encontram-se partos, caçadas, animais e diversos tipos de rituais. Desde 1991, as áreas arqueológicas da Serra da Capivara integram a lista de Patrimônios da Humanidade Protegidos pela ONU.

Parque Nacional Serra da Capivara: abre todos os dias, das 7h às 17h e cobra R$ 3 pelo ingresso. Ele é administrado pela Fundação Museu do Homem Americano, que expõe as descobertas arqueológicas da região no Centro Cultural Sérgio Motta (em São Raimundo Nonato, dentro do parque). Para visitar o acervo os ingressos custam R$ 6 ou R$ 3 (meia-entrada). Mais informações no site: www.fumdham.org.br.

Turistas seguem pegadas de dinossauros no sertão paraibano

Pegadas de dinossauros têm até 250 milhões de anosO caminhar de animais gigantescos imprimiu nas terras do sertão paraibano pegadas com idade entre 65 milhões a 250 milhões de anos. Elas estão espalhadas por 30 localidades, numa área de aproximadamente 700 quilômetros quadrados em torno da bacia sedimentar do Rio do Peixe, conhecida como "Vale dos Dinossauros".

A cidade que concentra as trilhas mais importantes é Souza - próxima a Cajazeiras e Juazeiro do Norte. Ali, o agricultor Anísio Fausto da Silva encontrou as primeiras pegadas, em 1897, no local apelidado "Passagem das Pedras" e as atribuiu a "bois e emas gigantes". Elas têm 40 centímetros de diâmetro, "caminham" por 50 metros e, na década de 1920, geólogos descobriram que pertenciam a um iguadonte (dinossauro herbívoro e bípede, com peso entre três e quatro toneladas).

Por todo o vale, encontram-se marcas com diâmetro entre 5 e 40 centímetros. Algumas pertenciam a dinossauros do tamanho de uma galinha, outras aos ilustres gigantes. Entre os maiores que registraram passagem pela região, figuram o alossauro (bípede carnívoro que, inclinado, alcançava de nove a doze metros de comprimento e 4,2 de altura) e o estegossauro (herbívoro quadrúpede, que alcançava 4,5 metros de altura e tinha o dorso contornado por saliências em forma espinhosa).

As pegadas sobreviveram ao tempo graças ao processo de fossilização por que passaram. Foram impressas na lama ou areia úmida durante períodos chuvosos. Na seca, solidificaram-se e foram cobertas por camadas de areia e barro trazidas pelas enchentes. Assim permaneceram, até a ação do tempo e dos estudiosos as revelar.

Vale dos Dinossauros: o principal acesso para o Vale, no sertão da Paraíba, é pela BR-230. Para mais informações, consulte o site: www.valedosdinossauros.com.br

Dispense o jipe e conheça os Lençóis Maranhenses a pé

O céu e as dunas formam lindas paisagens nos Lençóis MaranhensesFazia sete horas que caminhávamos sobre as dunas frescas do paraíso terrestre que são os Lençóis Maranhenses. Nosso destino era Queimada dos Britos, povoado construído ao redor de um oásis no centro do parque nacional. Meu pé esquerdo doía há pelo menos três horas, e o direito começava a reclamar. Não agüentava mais olhar para meu guia, Maciel "Cara de Jaca" Brito, único ser humano visível nos últimos 20 quilômetros e, portanto, responsável exclusivo por minha crescente exaustão.

Joguei a mochila na areia, no alto de uma duna. "Chega", determinei, "é hora de um mergulho." Maciel consentiu contrariado, sabia que a noite estava perto. Escolhi uma lagoa com água particularmente transparente, fresca e doce. Dez minutos foram suficientes para diluir tudo que era amargo e cansado em mim. Boiando sob céu azul, recortado por grandes arcos de areia e água, fui resgatado pela voz do guia. Respondi a ele tranqüilo pela primeira vez em muito tempo. Estava bem, pronto para andar mais sete horas, se necessário.

"Isso é imenso demais pra visitar correndo, em um pacote básico de excursão, naquele barulho, naquela bagunça, e com um guia sempre apressando para levar pra próxima lagoa", disse Maciel, enquanto eu me recompunha. Ele descreveu exatamente o que eu senti alguns dias antes quando, acompanhado por um grupo de 20 turistas de todas as idades e origens, tive meu primeiro contato com a imensidão dos Lençóis. Foi um passeio básico, de quatro horas, em uma Toyota 4x4 - daqueles feitos pela maioria das pessoas que visitam a região. Seguimos um guia por lagoas mais populares, muito pisadas e repisadas. Foi interessante, mas a experiência não me pareceu suficiente.

Maciel ainda não havia terminado de falar, teve a paciência de me dar um momento para reflexão antes de prosseguir com sua filosofia: "Essa paisagem é única, muda todo dia com o vento e não tem ninguém aqui para testemunhar. Essas lagoas que a gente está vendo agora, são só para os nossos olhos. Quando passar alguém aqui, se é que vai passar, já será outro lugar. Quando descermos dessa duna, ela vai deixar de existir."

Ponto de partida
Barreirinhas é uma cidade eminentemente turística. Banhada pelo rio Preguiça, tem estrutura de pousadas, hotéis e agências relativamente bem desenvolvida. A maior parte dos passeios pelos Lençóis Maranhenses começa ali, sejam de 4x4, de barco ou a pé. Sua proximidade a áreas nobres do parque e uma estrada que não fica completamente inacessível durante o período de chuva justificam o desenvolvimento mais intenso do turismo ali do que em outras cidades que fazem fronteira com o parque nacional.

As principais estradas que chegam a Barreirinhas vêm de São Luís, pelo oeste, e do Piauí, a leste. No meu caso, vim acompanhando um grupo de cinco turistas europeus e um guia colombiano que conheci em Parnaíba, cidade do litoral piauiense na fronteira com o Maranhão. Pegamos um ônibus até Tutóia e lá embarcamos na 4x4 que sacolejou até Barreirinhas por quatro horas, embaixo d'água, passando por estradas de terra, areia ou uma combinação das duas. No caminho, poucas casas, algumas vacas e roças, até que a primeira duna se definisse claramente. Era uma enorme bola de futebol cortada ao meio, mais murcha aqui do que ali, se impondo sobre os charcos. Dali pra frente, a areia é onipresente.

O centro de Barreirinhas é um polo agregador de gente de todo canto: dólar e euro, artesanato e cigarro, neo e old hippies, mineiros, israelenses e, principalmente, maranhenses. Ao longo do Preguiça, segue a agradável avenida Beira-Rio com seus bancos, deques, restaurantes, barzinhos e baladas.

Na avenida, em uma boate flutuante, tive minha primeira genuína balada de forró depois de cinco meses de mochila no Nordeste. Guitarra, teclado e voz, algo como 30 homens e 30 mulheres se moendo de dançar no salão sobre o rio. Nesse dia, conheci Maciel. Conversamos por muitas cervejas, me contou que nasceu na Queimada dos Britos, um dos dois vilarejos que permaneceram dentro dos Lençóis quando o parque nacional foi criado - o outro é Baixa Grande. Onze casas no primeiro, seis no segundo.

Maciel veio ser guia em Barreirinhas. Não sabe dizer quantas vezes cruzou a pé os 270 km² do parque. Combinamos um preço camarada, negociação extra-agência. Partiríamos no dia seguinte. Saímos de Barreirinhas de barco, seguindo o rio Preguiça até sua foz em Atins. Dormimos no Canto dos Atins, último núcleo permanente no litoral.

Dentro do parque não existem habitações na costa, apenas esparsas barracas de pescadores. Almoçamos em uma no meio do primeiro dia de caminhada, oito horas direto do Canto dos Atins até Queimada dos Britos. É o passeio que abre o texto, uma impressionante seqüência de ondas espontâneas desenhadas por vento, areia e água. Existem outras possibilidades de caminhadas menores, mas fiz questão da mais longa. Queria uma overdose daquele lugar.

É impossível descrever uma linha reta ao andar. Tem-se que acompanhar essas imensas massas d¿água por cima de enormes massas de areia que as circundam sob uma gigantesca massa de ar. Já era noite há meia hora quando alcançamos a entrada do oásis. O local é marcado por um espigão de vegetação que avança sobre a areia a partir do núcleo verde que é Queimada dos Britos. O guia foi preciso mesmo no escuro: circundou lagoas e fomos direto à entrada. A casa mais próxima ao mar é a de Aldo, tio de Maciel, casado com Maria e pai de três crianças. Todos Brito, todos pescadores. Maciel dormiu ali uma noite e partiu, eu fiquei.

Construindo castelos
Fui bem acolhido do começo ao fim, mesmo tendo chegado de noite e sem avisar. A maior rede da sala ficou para mim, dividindo o cômodo com as crianças e com Eduardo, amigo de 55 anos que também mora ali e zela pela casa e pelos pequenos. Aldo sai cedo para pescar, divide a tarefa com dois colegas e retorna no final da tarde com alguns quilos de peixe para limpar e salgar. Maria limpa a casa e cozinha, cuida dos muitos animais e remenda seus filhos, aventureiros das dunas. Com oito, nove e doze anos, são os primeiros a chegar a qualquer lugar e os primeiros a ficar sabendo do que aconteceu.

Foram meus companheiros, guardiões e guias. Durante três ou quatro dias não encontrei ninguém de outra família, ia da casa para as dunas e por lá passava horas. Pelas manhãs, horário de aula, estava sozinho, mas toda tarde era acompanhado pelos três curumins.

Os moradores do vilarejo aprenderam a lidar com turistas. Grupos pequenos e freqüentes chegam à Queimada para passar algum tempo. Praticamente todas as casas aceitam receber visitantes e oferecem estrutura que vai desde o quintal para acampar até quartos individuais. O grande atrativo está na possibilidade de viver por alguns dias com aquela família, compartilhar seus horários, refeições e cotidiano. Comi por cinco dias bolacha água e sal, café, arroz, farinha e peixe, com uma ou outra variação. Desejos de abastecimento e luxo não serão satisfeitos ali. O turismo é uma renda complementar e bem-vinda, não um grande empreendimento que busca retorno. Não espere serviços e pousadas estruturadas, ali tudo acontece devagar e mais simples.

Levou alguns dias para aquela imensidão decantar em mim. À noite, sozinho sob enorme lua cheia, em uma lagoa daquelas - calma, morna, doce - ficou óbvio como o centro dos Lençóis é um dos melhores lugares da Terra para namorar. Fica para a próxima. Para voltar, tive mais dois dias de caminhada com Aldo, quatro horas até o vilarejo de Betânia e mais três até Santo Amaro, para onde minha mochila havia sido despachada desde Barreirinhas. Segui viagem com alma leve e coração carregado de dunas, lagoas e céu. Tenho cá sempre comigo a vista que encontrei em cima da duna mais alta: dezenas de lagoas visíveis em todo canto refletiam a imensidão da lua cheia, tingindo de prata todos os lados da esfera do mundo. Se me esforço, consigo rever esse cenário, como faço agora. Algum dia, ainda acabo de contar todos aqueles pontos de luz prateada.



Caminho das areias
Encontrar guias ao acaso em boates de madrugada talvez não seja a preferência da maior parte dos turistas. Os três dias de caminhada descritos aqui privilegiam o contato humano e minimizam os custos, independentemente de conforto. Foram gastos cerca de R$ 270 nos sete dias que o autor esteve na região dos Lençóis Maranhenses, mas há opções mais confortáveis de passeios:

sexta-feira, 4 de março de 2011

Carnaval

Carnaval

O Carnaval brasileiro é internacionalmente conhecido. Sua explosão de cores, calor e alegria chama a atenção de turistas de todas as partes do Brasil e do mundo. As comemorações tomaram tamanha proporção nas últimas décadas que o evento está na lista dos mais importantes na agenda do brasileiro. Existem várias formas de se festejar o Carnaval. Tudo depende de onde no Brasil você deseja estar na hora da folia. Na cidade do Rio de Janeiro acontecem os espetaculares desfiles das escolas de samba. A Avenida Marquês de Sapucaí abriga um grande “sambódromo”, onde grupos com cerca de cinco mil integrantes desfilam fantasiados, esbanjando alegria e cantando o samba-enredo de sua escola. Muitas cores, brilhos, plumas e paetês enfeitam as noites do Carnaval carioca, balançando a multidão presente nas arquibancadas e camarotes. Na cidade de São Paulo, o cenário não é muito diferente da vizinha fluminense. Seguindo o embalo carioca, milhares de foliões seguem rumo ao “sambódromo” paulistano para prestigiar os desfiles das escolas de samba, suas músicas e suas grandiosas alegorias. Trazendo todos os anos alguma novidade para alegrar os olhos dos visitantes e espectadores, as escolas paulistas capricham no brilho e abusam do luxo na hora de se fantasiar. Imperdível! Já na capital baiana – Salvador  – o estilo é um pouco diferente. Os gigantescos e bem equipados trios elétricos arrastam pelas ruas milhões de animados carnavalescos, ao som da axé music. As diversas bandas passeiam pela cidade levando inúmeros foliões, que cantam e dançam até o sol raiar. Ali, a festa dura muito mais que os três dias oficiais; a folia começa uma semana antes, com o pré-carnaval, que serve de aquecimento para os mais animados. Atualmente, não importa onde seja, nos famosos carnavais das mais famosas capitais do País ou nos bailes de clubes espalhados pelo interior, a estrutura para receber os visitantes se apresenta cada vez melhor. Grandes redes hoteleiras, pousadas, albergues e campings oferecem aconchegantes locais para um bom descanso depois da farra, atendendo a todos os gostos e bolsos. A área gastronômica também não deixa a desejar. É possível encontrar desde os mais sofisticados restaurantes às mais simples lanchonetes. E o mais importante, com pessoas sempre dispostas a bem atender, seja o morador local ou o turista. Carnaval no Brasil é assim, sinônimo de alegria e muita festa; além da ótima infra-estrutura e da incomparável hospitalidade do povo brasileiro.

Resorts pelo Brasil - Costão do Santinho Resort (Florianópolis, SC)

Ele nasceu em 1991, como um condomínio de vilas de apartamentos à beira-mar e, hoje, é um dos complexos mais bem-equipados do País. Na Ala Internacional, as acomodações são mais confortáveis e têm vista para o mar. Entre as atividades oferecidas no local, segmentadas por faixa etária, estão golfe, arvorismo, cinema, danceteria, quadra de tênis, spa e quatro restaurantes. Para crianças de 4 a 6 anos, por exemplo, há o museu ao ar livre, oficinas e arqueologia náutica. As crianças maiores podem aproveitar aventuras, jogos noturnos e passeios. Já os idosos podem fazer caminhadas na mata atlântica, massagem, dança, jogar carteado e participar de bingos e chás.

Resorts pelo Brasil - Nannai Beach Resort (Porto de Galinhas, PE)

Inaugurado em 2001, ele se destaca pelos charmosos bangalôs suspensos sobre piscinas. O teto de piaçava, o revestimento de madeira, a cama king size e a piscina privativa dão o charme especial a 37 dos 49 bangalôs. No espaço coletivo, a mais nova atração é o campo de golfe com 18 buracos, ideal para o treinamento de tacadas curtas. Além disso, há um Kids Club completo, para não sobrar preocupação com as crianças enquanto os pais aproveitam o bar instalado na praia. Quer aproveitar o máximo do luxo oferecido pelo Nannai Beach? No Bangalô Master, você terá uma cozinha gourmet e piscina privativa com hidromassagem no interior da sala de estar.

Ilha do sul da Bahia esconde belas praias e rica fauna

Em Boipeba - uma ilha localizada na costa do Dendê, litoral sul da Bahia - bromélias, orquídeas e arbustos típicos da Mata Atlântica convivem com os vegetais rasteiros da restinga e os territórios inundados do mangue. Esse cenário variado, aliado à preservação motivada pelo acesso difícil, faz do local um paraíso para animais e turistas.

O principal povoado da ilha chama-se Velha Boipeba e tem 1,6 mil habitantes, um posto telefônico, um supermercado, uma igreja e um campo de futebol. Fundado pelos jesuítas em 1537, ele deve seu nome à expressão tupi "mboi pewa", que significa "cobra achatada" - maneira como os índios se referiam às centenas de tartarugas marinhas que, até hoje, desovam no local.

A paisagem de Boipeba é sempre rondada por papagaios e pica-paus que, lá do alto, assistem aos micos trapezistas nas copas das árvores. No chão firme, tatus praticam seu esconde-esconde típico, enquanto o território encharcado esconde caranguejos, moluscos, ostras e outras espécies que, freqüentemente, terminam nas mesas de restaurantes locais.

Cortando esse cenário, trilhas ligam as diversas praias de Boipeba. A principal dessas praias, Boca da Barra, fica na entrada da ilha e chama atenção por ser o local onde o Rio do Inferno desemboca no Oceano Atlântico, permitindo mergulhos em água doce ou salgada.

Uma caminhada de 10 minutos para o sul de Boca da Barra leva à praia de Tassimirim, onde recifes situados à beira-mar fazem a cor das águas variar de um verde esvaído aos tons mais fortes do azul. Durante a maré baixa, pode-se continuar o passeio por um trecho de pedras que termina na praia de Cueira. Ali corre o rio Aritibe, indicando o caminho para o povoado e para as belas piscinas naturais de Moreré, no leste da ilha.
Boipeba tem praias com coqueiros à beira da areia
Boipeba tem praias com coqueiros à beira da areia

Como chegar:
A Ilha de Boipeba pertence ao município de Cairú. O local é regularmente servido por vôos que partem do aeroporto de Salvador, demoram cerca de 30 minutos e custam R$ 340. Nenhuma embarcação liga Salvador diretamente à ilha, mas há lanchas zarpando para lá de Valença, Graciosa e Morro de São Paulo.

Planeje suas férias inesquecíveis sem sair do Brasil

Na hora de planejar as férias, é tão comum sonhar em colocar na prática uma desejada viagem para o exterior que nos esquecemos de que vivemos em um país com atrativos naturais invejáveis, cidades históricas e praias paradisíacas. A vantagem para nós, brasileiros, é que podemos entrar em contato com essa imensa diversidade cultural sem precisar enfrentar as taxas de câmbio ou limitações de língua. Por isso, confira algumas sugestões de destinos que podem transformar sua viagem em uma experiência inesquecível.
De cara, vale muito descobrir os Lençóis Maranhenses. O parque no nordeste do Estado é composto predominantemente por dunas e lagos formados pela ação do vento e da chuva. Possui uma beleza ímpar devido ao contraste do branco da areia com o azul das águas. A cidade mais próxima é Barreirinhas. As dunas são muito altas e as lagoas possuem águas claras e quentes.
Lugar que faz jus ao nome, Ilhabela é considerada uma das praias mais bonitas do Estado de São Paulo. Tem regiões com areia fina e outras com uma cor avermelhada, formada por restos de conchas. A ilha é cortada por diversos cursos e água e possui muitas cachoeiras. Graças à grande área natural que possui, o ecoturismo é muito forte no local: cavalgada, escalada, mergulho, ciclismo, trekking, vela e windsurf são algumas das atividades disponíveis.
Outro destino bastante procurado é Ilha Grande, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. São 193 km² de ilhas, repletas de praias, cachoeiras e riachos em uma das áreas de Mata Atlântica mais preservadas do litoral brasileiro. A ilha é toda cortada por trilhas que ligam vilas e praias, sendo um paraíso para os amantes do trekking. A Vila do Abraão é o local com melhor infraestrutura para receber os turistas que desejam conhecer a ilha.
Por fim, impossível falar de destinos aquáticos sem mencionar as Cataratas do Iguaçu, conjunto de cataratas na fronteira do Paraná com a Argentina, e visível dos dois países. No lado brasileiro, o melhor ponto de observação é a plataforma que fica depois da Garganta do Diabo. Há um passeio de bote pelas cataratas, que chega a entrar debaixo de algumas das quedas d'água. Para quem se dispuser a ir até o lado argentino, há uma quantidade ainda maior de trilhas e cachoeiras para ver.As dunas dos Lençóis Maranhenses são muito altas e as lagoas possuem águas claras e quentes
As dunas dos Lençóis Maranhenses são muito altas e as lagoas possuem águas claras e quentes
Por terra
Já a Chapada dos Guimarães, cidade situada exatamente entre os oceanos Atlântico e Pacífico (são aproximadamente 1,5 mil km de distância) atrai por sua quietude e natureza exuberante, como o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, as cachoeiras, lagoas, cavernas e trilhas em meio ao cerrado. Além disso, o artesanato é muito forte na cidade e é exposto em uma feirinha que funciona a semana toda.
De saideira, que tal uma viagem no tempo? É a sensação de quem visita as cidades históricas de Minas Gerais. Os municípios de Mariana, São João Del Rey, Ouro Preto, Tiradentes e Diamantina são o roteiro ideal para quem quer conhecer mais sobre o Ciclo do Ouro no Brasil e sobre o período barroco em geral. Deleite-se com as ladeiras que lembram o período medieval, igrejas e casarões antigos. Não deixe ainda de passar por Ouro Preto, declarado patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco - lá é possível conhecer obras de mestres do barroco brasileiro, como Aleijadinho.

Bonito espera elevar em 5% fluxo de turistas


Bonito recebeu mais de 276 mil visitações no ano passado
O turismo em Bonito, destino mais famoso do Estado fechou o ano com aumento de 4,06% nas visitações. Segundo levantamento da Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio, foram 276.164 visitações em 2010, sendo 10.767 visitas a mais que 2009. Segundo o secretário de turismo, Augusto Barbosa Mariano, o desafio para 2011 é aumentar em 5% esse resultado alcançado no ano passado.
foto Segundo o secretário, o incremento em 2010 foi resultado do trabalho de todos - iniciativa privada, poder público e sociedade, além do grande apoio, entrosamento e articulação com o Governo do Estado através da Fundação de Turismo de MS e Governo Federal, através do Ministério do Turismo. “Antes do Governador André Puccinelli não existia política pública para o turismo. Hoje contamos com planejamento, orçamento, recursos, metas e, consequentemente, obtemos bons resultado”, enfatiza Mariano.
Entre as obras de infraestrutura, Augusto Mariano destaca a pavimentação da estrada MS 178, que integra a região de Bonito e da Serra de Bodoquena com o Pantanal e é a principal rota de entrada de estrangeiros através da Bolívia; a drenagem e pavimentação das ruas da cidade e a instalação da seção de incêndios, que possibilitou o início da operação do aeroporto da cidade que hoje já conta com voos regulares às quintas e domingos.
As políticas públicas também foram de extrema importância para esses resultados. Exemplo disso foi o decreto de criação do Geoparque Bodoquena-Pantanal que garantiu a chancela da Unesco possibilitando estudos oficiais na região. O fortalecimento de instâncias de governança, do Projeto “65 destinos indutores” e do Fórum Bonito-Serra da Bodoquena também foram decisivos no processo que garantiu a Bonito, pelo nono ano consecutivo, o prêmio da Revista Viagem e Turismo de melhor destino de ecoturismo do Brasil.
A secretária de Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, Comércio e Turismo de Mato Grosso do Sul (Seprotur), Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, lembra que a divulgação foi essencial para o resultado.“Bonito se fez presente nas principais feiras, eventos e road shows, além de feiras com grande alcance de público como o Salão do Automóvel e Salão Imobiliário. Representantes do setor turístico também estiveram em feiras internacionais, sempre munidos de materiais de divulgação, fortalecendo a rota Pantanal-Bonito. Isso demonstra que o Governo do Estado priorizou esse segmento”, enfatizou.
O secretário Augusto Mariano lembra que “ainda existem arestas a serem aparadas nesse sistema, mas sua eficiência já está consolidada. Somos hoje a segunda maior arrecadação do município, perdendo apenas para a atividade agropecuária”. Atualmente 50% da mão de obra do município está voltada diretamente para o turismo. São guias, agentes, remadores, monitores, recepcionistas, motoristas e demais pessoas que ajudam na realização dos sonhos de quem visita a cidade.
 E a meta é garantir a melhor distribuição de demanda, isso é, atrair o turista também durante a baixa temporada, colocando Bonito na vitrine do Brasil para eventos. Para o alcance de bons resultados o município investe na parceria com a rede hoteleira (hoje com 5 mil leitos), com o Centro de Convenções (com capacidade para 3 mil pessoas) e o aeroporto.
O município também já começa a se preparar para atender a demanda de turistas que virão ao Brasil para a Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas em 2016. Para receber bem esse público estão sendo feitos investimentos na profissionalização da mão de obra e no crescimento da rede hoteleira. Uma parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul garantirá a abertura esse ano de 44 novas vagas para o curso de guias de turismo, especializados em atrativos naturais.