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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Patrimônios Culturais do Brasil


Patrimônios da Humanidade são lugares considerados de excepcional importância cultural ou natural e por isso transformados em patrimônio comum. Todos são escolhidos com exclusividade pela UNESCO - Organização das Nações Unidas para Cultura, Ciência e Educação -, segundo critérios pré-determinados.


A lista atual, atualizada em 20 de junho de 2010, conta com 911 locais espalhados por 151 países. O Brasil conta com 18 cadastros, sendo 11 patrimônios culturais.

Motivo de grande orgulho para nós brasileiros, decidimos homenagear estes fabulosos lugares, contando um pouco de sua rica história.

Ouro Preto

Nos anos de1600 vários arraiais foram fundados no interior brasileiro, influenciados pela descoberta de ouro na região. Vários desses vilarejos se juntaram em 1711, formando assim a famosa Vila Rica.

Sua riqueza e importância eram tantas que poucos anos depois era escolhida como capital da nova capitania de Minas Gerais, título que manteve até 1897.

Poetas, escultores, escravos, religiosos e membros da nobreza desfilavam por suas charmosas ladeiras repleta de lindos casarões e ricas igrejas, espelhos da fortuna gerada com a mineração. As obras que adornavam toda a vila eram tão espetaculares que um novo estilo decorativo foi criado: o barroco mineiro.

No final do século XVIII reinava o descontentamento na cidade: ideias iluministas ecoavam pela cabeça dos jovens cultos que desejavam indústrias, universidades e, o mais importante, o fim do vulgo português, responsável pela cobrança absurda de impostos.

Descoberta antes de alcançar seus objetivos, a Inconfidência Mineira criou um dos maiores ícones de nosso país: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. O único inconfidente condenado à morte, seus ideais falaram forte a nação e três décadas depois o Brasil se tornaria livre.

Mesmo com o esgotamento de boa parte das minas, Ouro Preto ainda possui empresas mineradoras, mas hoje sua principal fonte de recursos esta no turismo.

Um importante polo universitário, as mesmas ruas de antigamente hoje estão repletas de estudantes e viajantes em busca de sua história e das incríveis belezas naturais que a cercam.

Olinda

Fundada quatro anos antes de Recife, Olinda foi a capital da capitania de Pernambuco até a invasão dos holandeses em 1630, e novamente entre os anos de 1654 e 1837.

Muito rica, seus belos sobrados, igrejas e mosteiros rivalizavam com as grandes cidades portuguesas. Grande parte de seu patrimônio histórico chegou até nossos dias muito bem preservado apesar das constantes batalhas por sua posse.

Considerada uma das mais bem preservadas cidades coloniais brasileiras, Olinda é mundialmente famosa por seu colorido e animado Carnaval, movido pelos ritmos do frevo e do maracatu e pelos bonecos gigantes que contagiam os observadores.

Completando o cenário estão suas praias e canais de mangues que proporcionam passeios mais que agradáveis.

A cidade foi a segunda a entrar na lista dos Patrimônios da Humanidade de UNESCO, e a primeira Capital Brasileira da Cultura.

Ruínas de São Miguel das Missões

As Ruínas de São Miguel são o impressionante conjunto dos antigos edifícios da redução de São Miguel Arcanjo, construída na primeira metade do século XVIII pelos padres jesuítas.

O complexo o principal vestígio da época das Missões Jesuíticas do Guarani, destinadas a divulgar o cristianismo entre os indígenas da região. Tendo de escolher entre uma vida de escravidão e a nova religião, cujos membros eram adeptos de práticas, é fácil entender o crescimento da Companhia de Jesus em nossas terras.

Tal crescimento não foi visto com bons olhos pelos dirigentes do país que temiam um levante dos indígenas unidos pela ordem. O medo foi tamanho que os jesuítas acabaram expulsos do Brasil em 1760, tendo a maioria de suas construções distribuídas pela igreja ou, como no caso das Missões do Guarani, simplesmente abandonadas.

A região ainda sofreu com as disputas territoriais entre Portugal e Espanha, cujas batalhas resultaram na destruição de boa parte do complexo.

Todo o sítio, juntamente com as ruínas das vizinhas argentinas San Ignacio Míni, Santa Ana, Nossa Senhora de Loreto e Santa Maria Mayor, foram declarados Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1983.

Pelourinho

Formado por mais de 800 casarões e várias igrejas e praças em estilo colonial barroco, o Pelourinho de Salvador é um dos centros históricos mais importantes do país.

Diretamente ligado ao nascimento da cidade em 1549, o local foi o escolhido por Tomé de Sousa, seu fundador e primeiro governador geral do Brasil, para abrigar a capital da nova colônia já que possuía uma posição privilegiada, no alto, bastante próxima ao porto e com uma barreira natural que a separava do mar e auxiliava na sua defesa.

Até os primeiros anos do século XX foi o lar dos ricos e prósperos do país, influenciando o cenário político e cultural brasileiro mesmo após perder o título de capital.

Foi a proclamação da República e a crise nas exportações de açúcar que deram início do declínio da cidade e de seus moradores. O golpe final foram às obras de modernização de Salvador, que levaram os poucos moradores e relegaram todo o centro histórico ao abandono e degradação.

Somente na década de 1980, quando passou a fazer parte da lista dos Patrimônios da Humanidade da UNESCO, que o Pelourinho voltou a receber a atenção devida. Vários de seus antigos sobrados foram transformados em charmosos restaurantes, lojas e centros culturais responsáveis por encher as ruas a animação típica da Bahia.

Santuário de Bom Jesus de Matosinhos

O Santuário de Bom Jesus de Matosinhos é formado pela Basílica de Matosinhos, um adro onde estão expostas as estátuas de doze profetas, e seis capelas com cenas da Paixão de Cristo.

A obra nasceu de uma promessa: caso o português Feliciano Mendes, gravemente enfermo, se curasse, construiria um santuário inspirado no templo de Matosinhos de Braga, sua terra natal.

Graça alcançada tem início a obra deste que seria considerado o maior santuário de Minas Gerais.  Vários mestres artesãos e pintores contribuíram no projeto, criando um patrimônio único.

Os doze profetas, grandes símbolos do santuário, foram esculpidos em pedra sabão pelo mestre Antônio Francisco de Lisboa, o Aleijadinho. De tamanho maior que o natural, seus rostos retratam perfeitamente as mais variadas emoções.

Boa parte das estátuas de cedro em tamanho natural utilizadas na bela Via Crucis foram esculpidas por Aleijadinho e pintadas por Manuel da Costa Ataíde, o grande pintor mineiro do século XVIII.

Um dos maiores patrimônios culturais do Brasil, o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos entrou na seleta lista da UNESCO em 1985.

Brasília

A terceira capital brasileira, Brasília é o resultado de uma antiga lei que determinava a mudança do centro do poder para o interior do país.

Apesar de aprovada na constituição de 1891, foi somente após a eleição de Juscelino Kubitschek em 1956 que as obras da nova capital tiveram início.

Foi o urbanista Lúcio Costa que criou o famoso Plano Piloto, avançado projeto de planejamento urbano em que Brasília foi baseada. Avenidas, áreas residenciais, prédios administrativos, tudo foi pensado com uma incrível riqueza de detalhes única.

Boa parte dos edifícios públicos foi desenhada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, completando o plano de Costa e criando uma cidade de design harmônico e inovador.

Oficialmente inaugurada em 21 de abril de 1960, mesmo dia e mês da morte de Tiradentes, grande mártir da Inconfidência Mineira. Mesmo após tantos anos, o audacioso Plano piloto de Brasília segue angariando admiradores, sendo declarado Patrimônio da Humanidade em 1987.

Parque Nacional da Serra da Capivara

Esses grande parque de quase 130 mil hectares foi criado em 1979 a fim de proteger um dos maiores sítios pré-históricos do continente Americano.

Um verdadeiro museu a céu aberto, espalhados entre as belíssimas formações rochosas estão mais de 700 sítios arqueológicos catalogados, alguns abertos a visitação.

O processo de erosão age na base dos paredões rochosos da região, formando no topo uma espécie de teto e criando um abrigo natural contra as intempéries. Esses abrigos eram amplamente utilizados pelos antigos moradores da região como moradia, acampamento ou local para sepultamento.

Pinturas rupestres com figuras representando as mais variadas cenas do cotidiano, esqueletos humanos e inúmeros objetos de uso diário foram encontrados nas áreas destes antigos abrigos, comprovando que a região da Serra da Capivara foi uma área altamente povoada durante a pré-história.

Um verdadeiro paraíso para os arqueólogos, os sítios do Parque da Capivara são um testemunho extraordinário sobre a vida e a cultura das mais antigas comunidades da América do Sul.

Centro histórico de São Luís

Apesar do desejo dos portugueses de colonizar a região, foram os franceses que acabaram fundando a cidade de São Luís. Quando a expedição comandada por Daniel de La Touche chegou à região em 1612 tinha duas metas: rezar uma missa e começar imediatamente a construir uma fortaleza que garantisse sua posição.

O forte foi batizado Saint Luís, uma homenagem ao regente francês Luís IX, nome que acabou pegando apesar da cidade ser conquistada pelas tropas lusitanas poucos anos depois.

Logo depois os açorianos chegaram e deram início as plantações de cana para a produção de açúcar e aguardente, a principal atividade econômica da região durante anos.

São Luís acabou sendo conquistada pelos holandeses, voltando ao domínio português três anos depois. O ataque serviu para a coroa perceber o isolamento geográfico e falta de estrutura da região, o que resultou na criação do Estado do Maranhão e Grão Pará. Agora parte do sistema comercial português, seus produtos foram voltados para a exportação, aumentando em muito a renda gerada.

Seu porto vivia em polvorosa: cana, cacau, tabaco e algodão saíam enquanto tecidos, móveis, livros e produtos alimentícios chegavam. Os filhos dos grandes senhores locais eram enviados ao exterior para estudar e voltavam cheios de ideias inovadoras. Já os escravos utilizados nas lavouras da região espalhavam sua cultura entre os moradores da periferia.

Assim cresceu São Luís. Portugueses, indígenas e africanos influenciaram a arquitetura e a cultura local, criaram um ambiente riquíssimo, famoso por suas lendas e os casarões adornados com azulejos de Portugal.

A abolição da escravatura e à recuperação da produção norte-americana após o fim da Guerra de Secessão trouxe um grande período de decadência. Somente após a década de 1960 que o Maranhão saiu do isolamento e voltou a possuir relevância no cenário nacional.

Seu centro histórico preserva grande parte de seus edifícios antigos que, associados às belas praias da região colocaram São Luís na lista de destinos de férias de milhares de brasileiros.

Centro histórico de Diamantina

Como Ouro Preto, Diamantina nasceu devido às promessas de enriquecimento certo. A única diferença é que dessa vez não era o ouro que brotava de suas minas, mas sim os belos diamantes.

Sua história também é bem parecida: o dinheiro que entrava aos montes resultou em belos casarões, igrejas adornadas com muito luxo e uma cultura riquíssima, resultado da junção dos costumes portugueses, africanos e indígenas.

Palco de diversas lendas e histórias fabulosas, Diamantina é a terra natal de Chica da Silva, a escrava que se fez rainha. Segundo a história Chica, uma escrava de beleza memorável, tornou-se a companheira João Fernandes de oliveira, o novo contratador de diamantes e dono de uma fortuna comparável à do rei de Portugal.

Os casos entre brancos e escravos eram bastante comuns, mas em regra mantidos na clandestinidade. O que diferenciou a romântica história foi o fato de Fernandes assumir abertamente Chica, inclusive registrando os filhos que nasceram. A antiga escrava circulava entre a aristocracia local, sendo aceita até nos cultos da igreja de São Francisco de Assis, pertencente a mais importante irmandade da cidade.

Hoje seu centro histórico, declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, é o ponto de encontro dos estudantes universitários da região, e palco de românticas serestas e vesperatas e de um animadíssimo carnaval de rua.

Centro histórico de Goiás

A pequena e charmosa cidade de Goiás foi fundada em 1727 por bandeirantes que procuravam novas minas de ouro pela região.

Cresceu rapidamente e logo era nominada capital da comarca. Bastante ativa socialmente, espelhava-se no Rio de Janeiro, a então capital do Império, e incentivava todo o tipo de atividade ligada às artes.

Com o esgotamento das minas da área por volta do final do século XVIII Goiás teve de reorientar suas atividades econômicas, voltando-se para a agropecuária.

O golpe final foi a transferência da capital para a recém-inaugurada Goiânia. Apesar de ruim para a economia local, foi essa decisão um dos fatores que possibilitaram a preservação de seu harmonioso centro histórico.

Passear por suas ruelas e becos desfrutando dos deliciosos quitutes da culinária local é um verdadeiro deleite para os sentidos. Não é a toa que em 2001 foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

 Praça São Francisco

Localizada no centro histórico da cidade de São Cristóvão, a quarta cidade mais antiga do país e a primeira capital do Sergipe, a Praça São Francisco é um daqueles lugares que transpiram história.

Construída entre os séculos XVI e XVII, esta totalmente cercada por belas casas e igrejas, todas com grande influência da arquitetura espanhola, coisa bastante rara no Brasil colonial. Boa parte destes edifícios foi transformada em simpáticos restaurantes, bares e lojas onde, entre uma peça e outra de artesanato, são vendidos os saborosos doces típicos da região.

Um conjunto impressionante, a praça foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 2010, sendo o 18º sítio brasileiro a receber tão importante título.

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